quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

DEVANEIOS....

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Gosto desta época do ano, onde se comemora o Natal e logo em seguida o Ano Novo.
Natal, embora uma data mais comercial do que religiosa, sempre me dá uma sensação de infância, de surpresas, e um pouco mais melancólicamente, me lembra Jesus, um Menininho inocente que veio ao mundo para salvar seus irmãos, e às vezes me pergunto se valeu o sacrificio Dele...
Talvez por esta razão tenha tanta gente que fica triste no Natal...
Um sentimento de perda e injustiça.
Já Ano Novo é esperança, e o novo, a surpresa, o começar de novo é Vida.
Um momento para refletir, repensar comportamentos, atitudes, renovar promessas de melhorias, agradecer, lamentar nunca!!!
Cada ano que vai é sempre a promessa de um outro que chega sempre com novidades, com flores a colher, basta que saibamos escolher o que é melhor para nós e para quem nos cerca.
Essas datas para mim são cheias de significados e para decifrar significados nada melhor do que uma linda, gelada e borbulhante taça de champagne(sempre " brüt").
Não sou uma pessoa que beba diariamente, gosto de de vez em quando tomar um Whisky(nesses casos sou até um pouco "entojada", tem que ser importado), um bom vinho tinto seco me agrada tomar no meu happy hour particular, e champagne...bom, champagne eu adoro beber sempre, com moderação obviamente.
Nisso, concordo com madame Lilly Bollinger, quando ela diz:
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"Eu só bebo champagne quando estou feliz e quando estou triste.
Às vezes eu bebo quando estou sozinha, mas quando estou em companhia, considero obrigatório.
Eu me distraio com champagne quando estou sem fome e bebo quando estou faminta.
Fora isso, eu nem toco nele, a menos que esteja com sede".
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FELIZ 2008 ÀQUELES QUE ESTÃO COMIGO E AOS QUE NÃO ESTÃO QUE PASSEM A ESTAR A PARTIR DESTE NOVO ANO QUE ESTA CHEGANDO!!!!
SALUTE!!!
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terça-feira, 25 de dezembro de 2007

MAMÃE NOEL

A todos os que me visitam, sejam aqueles quietinhos ou aqueles que me deixam sempre um carinho, meus votos de um Feliz Natal!!!!
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Sabe por que Papai Noel não existe?
Porque é homem.
Dá para acreditar que um homem vai se preocupar em escolher o presente de cada pessoa da família, ele que nem compra as próprias meias?
Que vai carregar nas costas um saco pesadíssimo, ele que reclama até para colocar o lixo no corredor?
Que toparia usar vermelho dos pés à cabeça, ele que só abandonou o marrom depois que conheceu o azul-marinho?
Que andaria num trenó puxado por renas, sem ar-condicionado, direção hidráulica e air-bag?
Quem pagaria o mico de descer por uma chaminé para receber em troca o sorriso das criancinhas?
Ele não faria isso nem pelo sorriso da Luana Piovani!
Mamãe Noel, sim, existe.
Quem é a melhor amiga do Molocoton, quem sabe a diferença entre a Mulan e a Esmeralda, quem conhece o nome de todas as Chiquititas, quem merecia ser sócia-majoritária da Superfestas?
Não é o bom velhinho.
Quem coloca guirlandas nas portas, velas perfumadas nos castiçais, arranjos e flores vermelhas pela casa?
Quem monta a árvore de Natal, harmonizando bolas, anjos, fitas e luzinhas, e deixando tudo combinando com o sofá e os tapetes?
E quem desmonta essa parafernália toda no dia 6 de janeiro?
Papai Noel ainda está de ressaca no Dia de Reis.
Quem enche a geladeira de cerveja, coca-cola e champanhe?
Quem providencia o peru, o arroz à grega, o sarrabulho, as castanhas, o musse de atum, as lentilhas, os guardanapinhos decorados, os cálices lavadinhos, a toalha bem passada e ainda lembra de deixar algum disco meloso à mão?
Quem lembra de dar uma lembrancinha para o zelador, o porteiro, o carteiro, o entregador de jornal, o cabeleireiro, a diarista?
Quem compra o presente do amigo-secreto do escritório do Papai Noel? Deveria ser o próprio, tão magnânimo, mas ele não tem tempo para essas coisas.
Anda muito requisitado como garoto-propaganda.
Enquanto Papai Noel distribui beijos e pirulitos, bem acomodado em seu trono no shopping, quem entra em todas as lojas, pesquisa todos os preços, carrega sacolas, confere listas, lembra da sogra, do sogro, dos cunhados, dos irmãos, entra no cheque especial, deixa o carro no sol e chega em casa sofrendo porque comprou os mesmos presentes do ano passado?
Por trás do protagonista desse megaevento chamado Natal existe alguém em quem todos deveriam acreditar mais.
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Martha Medeiros
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sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

QUANDO VIER A PRIMAVERA

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Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
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Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
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Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
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Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
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Alberto Caeiro
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terça-feira, 18 de dezembro de 2007

SER POETA

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Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
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É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
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É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
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E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
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Florbela Espanca

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

AMOR DISTANTE

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Vivo a vida, a sonhar
Por alguém, sempre distante a amar
Quase no além, de meu pensar
Vestindo a máscara da ilusão
Vou seguindo meu caminho
Sem direção, confortando meu coração
Este pobre, sempre em desalinho
Mais uma triste desilusão
Mais uma flecha do desengano
Coração dilacerado, aos pedaços no chão
Humildemente, ajoelhada, junto os caquinhos
Suavemente... com minhas mãos
Vou colando com minhas fantasias
Justificando à ele, o coração, a ilusão
Prometendo um novo amor
Fazendo silêncio à razão
Sem verter lágrimas de dor
Sem distância a separar
Que, então será como o sonhar
Como um cavalheiro ao luar
Sem demora em arrebatar
Sem dar chance a razão
De agir com sensatez
Prometendo, ficar junto desta vez
.
Diana Lima

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domingo, 16 de dezembro de 2007

EU TE AMO...

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Eu te amo...
Antes e depois de todos os acontecimentos
Na profunda imensidade do vazio
E a cada lágrima dos meus pensamentos.
Eu te amo
Em todos os ventos que cantam,
Em todas as sombras que choram,
Na extensão infinita do tempo
Até a região onde os silêncios moram.
Eu te amo...
Em todas as transformações da vida,
Em todos os caminhos do medo,
Na angústia da vontade perdida
E na dor que se veste em segredo.
Eu te amo...
Em tudo que estás presente,
No olhar dos astros que te alcançam
Em tudo que ainda estás ausente.
Eu te amo...
Desde a criação das águas,
desde a idéia do fogo
E antes do primeiro riso e da primeira mágoa.
Eu te amo perdidamente
Desde a grande nebulosa
Até depois que o Universo cair
sobre mim
Suavemente.
.
Eu te amo...
.
Adalgisa Nery
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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

ACORDADO

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Que seja o teu querer
a exata medida do meu:
somente amanhecer
por saber que o gosto de nós
ainda nos cobre por lençol
e que todas as palavras
com todas as suas curvas
jamais descreveriam
as minhas nas tuas
.
Antoniel Campos
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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

COMO É POR DENTRO OUTRA PESSOA

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Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.
.
Fernando Pessoa
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domingo, 9 de dezembro de 2007

DESEJO

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em volta do teu umbigo
meu desejo passeia
ânsia de te possuir lento
abrigado ou ao relento
na tua ou na minha cama
sobre a grama ou a areia
tuas curvas acentuadas
e tua pele dourada
mexem tanto comigo
fazem vibrar minhas veias
que derretem-se ígneas
tenho-te sempre aqui dentro
em minha circulação sanguínea
.
Benno Assmann
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sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

LOUCURA

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é uma loucura o que sinto
com o teu corpo tão próximo do meu
com o toque dos teus dedos na minha pele
e dos meus que te procuram...s
eca-me a garganta
quando sinto o teu cheiro
quando sinto o calor do teu corpo
tão próximo do meu...
sinto o coração parar
quando te perdes no meu olhar
num silêncio cúmplice
tão perto da minha boca...
fico louca de tesão
quando ouço a tua voz
quando sinto os teus passos
e te sei tão perto de mim...
e perco-me
a olhar o teu corpo
a sorrir nos teus olhos
a tocar-te sem desculpas
a beijar-te no desejo...
.
Helena Fonseca
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domingo, 2 de dezembro de 2007

MEU GOZO

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Me decomponho a luz
Em mil fragmentos de sentidos
Um ritual solitário
Em que mãos me afagam
Minhas mãos...
Imagens com nome, rosto
Me fazem contorcer,
Procuro momentos, sentimentos
E encontro teu corpo junto ao meu
Já não estou mais só...
Nossas respirações se confundem
Teus lábios roçam minha pele
Teu corpo me penetra
Fazendo minha voz gemer.
Deliro em teus braços
Num agradável tormento
Uma doce loucura,
Te agarro e te aninho
Em meu sexo molhado
Somos pecado
Gozamos...
O sinto se afastar
Descerro os olhos
Vejo que você se foi
Meu corpo em taça
Brindo meu gozo
À você
Por você...
.
Daniele Moraes
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sábado, 1 de dezembro de 2007

OFERENDA

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Para tua fome
Eu teria colocado meu coração
Entre os ciprestes e o cedro
E tu o encontrarias
Na tua ronda de luta e incoesão:
A ronda que te persegues.
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Para a tua sede
As nascentes da infância:
Um molhado de fadas e sorvetes.
E abriria em mim mesma
Uma nova ferida
Para tua vida.
.
Hilda Hilst
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quarta-feira, 28 de novembro de 2007

COMO ODEIO BANALIDADES!

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Eu, que sou mais banal e vulgar, que a mais banal das mulheres.
Eu, que sou tão comum, que nem preciso olhar-me ao espelho,
Igual que sou a tantas outras, com que me cruzo,
E das quais não me distingo.
Odeio banalidades!
Odeio as frases feitas de quem pergunta:
- Olá como está? E não quer saber.
Odeio os bons dias, as boas tardes, as boas noites,
Ditos sem pensar, ou a pensar em coisa nenhuma,
Ou a pensar noutra coisa qualquer que não o desejo,
Que o dia, a tarde, ou a noite,
Corram bem e sejam bons.
Eu odeio frases feitas!
Odeio vizinhas à janela!
Odeio as amigas e amigos nos cafés, nos bares, nos autocarros,
Com vidas tão fúteis e pequeninas que dissecam as dos outros.
Que cortam a casaca dos melhores amigos,
Pedaço a pedaço.
Achando que os amigos, são os melhores amigos, e nunca
cortariam as deles,
Mas cortam!!
E são más-línguas, maus caracteres, sem carácter!
Eu odeio vizinhas a bisbilhotar à janela!
E as pessoas que passam?
As pessoas anónimas que percorrem as ruas em zig-zag evitando
pedintes e mãos que se estendem?
E que colam a mala ao corpo achando que ser pobre é ser ladrão.
E se aconchegam na roupa comprada na Zara, ou nos mercados de rua.
Mas muito sua!
E são caridosos, piedosos, apiedados,
Compreensivos com a desgraça alheia se não tiverem de dar um cêntimo,
E a caridade for só da boca para fora!
Eu odeio a caridade hipócrita da multidão!
E os gajos?
Os gajos mesmo gajos!
Os gajos na verdadeira acepção da palavra!
Os que se sentam em esplanadas ou se encostam em montras esperando as mulheres,
As deles.E discretos apreciam pernas e cus das outras,
As que passam.
E lambem os beiços, e coçam os tomates, e pensam ou dizem:
- Esta gaja é muita boa!
Como odeio a frase ”esta gaja é muita boa”!
Dita por gajos que em casa têm mulheres que nem olham,
E às quais nem falam.
E que na cama despacham sexo e mulher,
Despejando o desejo das gajas boas que comeram com os olhos na rua.
Ah! Como eu odeio estes gajos!
E as gajas?
As santinhas, as pudicas, as que têm sempre na ponta da língua um:
Ai credo, um julgamento, uma condenação.
As que são contra o aborto, contra a pílula,
Contra tudo o que seja sexo!
Escrito, pintado, feito, falado.
E quando têm “maus pensamentos” correm às sacristias:
- Sr. Padre, sonhei que estava a fazer sexo oral.
Confessam.
Como se sexo oral fosse um pecado capital,
Esquecendo que só o peixe morre pela boca.
E lavam as mãos nas pias,
E cumprem todas as penitências,
Mas falam do sexo da vizinha que é uma descarada.
E são donas de verdades absolutas.
E nunca têm dúvidas.
E só dizem…
B A N A L I D A D E S!
Ah! Como odeio falsas santinhas e ratas de sacristia!
E eu?
Eu que sou banal, normal, vulgar,
Odeio a vulgaridade!
Mando à merda quem me chateia!,
Escrevo asneiras se me dá na gana!,
Para um sacana sou sacana e meia!,
E como eu odeio sacanas!
Aqueles de falas mansas e que parecem uns santos,
E dão a roupa toda e ficam em pêlo,
Pelos outros.
E em casa vão ao pêlo às mulheres
E deixam-nas:
Negras de pancada,
Negras de dor,
Negras de pavor.
Ah …Se eu pudesse dava um tiro nos cornos desses sacanas!
E a outros:
Aos abusadores, aos ladrões de inocências,
aos que roubam infâncias e semeiam pesadelos.
A esses, castrava-os!
Aos do passado, aos do presente, aos do futuro.
Já que a justiça não castra senão a esperança de justiça!
Eu, que sou mais banal e vulgar, que a mais banal das mulheres.
Eu, que por fora ninguém distingue, ou olha duas vezes ao passar.
Odeio banalidades!
.
Encandescente
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sábado, 24 de novembro de 2007

DESEJO

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O meu olhar cai sobre ti
como água fresca de Verão
desliza sobre o teu corpo
possuindo-te no abandono
Tudo em ti é fascínio
porque tudo exclusivamente os cabelos,
o brilho dos olhos os lábios,
pétalas rosa a sombra que desliza dos seios
e o tesouro intímo e mágico
que ocultas tão meigamente
na elevação planetária de deusa
O meu olhar cai sobre ti
perpassando corpo e essência suave,
ternamente, comendo-te
Derivas para dentro de nós
realizas não haver distâncias
quando assim somos encontro
vivendo este morrer e nascer
entre suspiros feitos gemidos
tão loucos tão sentidos
.
Manuel Martins Gaspar Tomé
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sexta-feira, 23 de novembro de 2007

MUITO ALÉM...

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Bem sei que além do teu nome
Há outros que não aprendi.
Assim como há outros rios, outros sóis,
Outros bosques e girassóis em nevoeiros.
Sei que além de ti existem maravilhas
Que não me podes dar e, também,
Negruras de solidão e ilusão,
Mas quero-te muito além do que não és,
Pois afinal, nada te pedi.
Sei que além do teu corpo
Há outros tesouros que eu não mereço.
Outras colinas, outras queimadas, fuligens:
Lágrimas para mancharem o rosto,
Amo-te, ainda, por aquilo que desconheço.
Ao teu lado, os ipês douram agosto...
Há dores a sentir e a natureza nada mudou,
E vivo muito além de apenas existir...
Cuida do coração que te dou.
.
Antonio Miranda Fernandes

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quinta-feira, 22 de novembro de 2007

MEU DEUS, ME DÊ A CORAGEM

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Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar.
.
Clarice Lispector
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terça-feira, 20 de novembro de 2007

CPI

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Eu vou colher o teu depoimento,
traçar o rumo da investigação.
À tua fala ficarei atento
a ver se apanho-te em contradição.
.
Se não convences, por requerimento,
te chamarei para acareação.
E com ou sem o teu consentimento
quebro o sigilo do teu coração.
.
Eu titular e nunca o teu suplente,
teu relator e o teu presidente,
bato o martelo nessa comissão.
.
Eu tranco a pauta,
fecho o expediente
e dispensando cada depoente,
beijo tua boca em absolvição.
.
Antoniel Campos
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domingo, 18 de novembro de 2007

É O ÊXTASE LANGOROSO

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É o êxtase langoroso
É a fadiga amorosa
São todos os arrepios do bosque
Entre os abraços das brisas.
E para o lado das inquietas ramagens
Há um coro de pequenas vozes.
.
Oh fresco e frágil murmúrio
Tudo Chilreia e assusta
Assemelha-se ao doce grito
a aspirar da agitação da erva...
Dirias, sob um redemoinho d'água
Um surdo rolar de seixos.
.
A alma a lamentar-se
Nessa queixa dormente
É a nossa, não é?
É a minha, dize, é a tua,
d'onde se exala a humilde antifona
Tão baixinho, nesta noite morna?
.
Paulo Verlaine
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sábado, 17 de novembro de 2007

É O AMOR

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É o amor
Numa folha outonal
Leve, como se todo o vento
Suspendesse a eternidade
.
É o amor
Num floco de neve real
Que voa e num momento
Suspende toda a saudade.
.
É o amor
Aberto na Primavera floral
Prado verde que em crescimento
Suspende toda a castidade
.
É o amor
Nas dunas escondido do sal
Camas, do verão alimento,
Suspensas na sensualidade.
.
É o amor
Sem nostalgia nem mal
Só de entrega firmamento
Só de estrelas propriedade,
Sem enganos nem medos,
Sem lágrimas nem segredos,
De nossos corpos movimento
De nossas almas verdade.
.
E se o nosso amor ao amor
Uma dia perguntar, afinal ,
Se nunca houve lamento
Se não houve fragilidade,
Ele dirá em alta voz,
Respondendo com vaidade,
Que só nos tivemos a nós
E que ele surgiu dos pós
Que levantou nossa vontade
.
É este o amor
É esta brisa imortal
Soprada de nós sem ser vento
De nossas almas unidade
.
Dameuntango
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quinta-feira, 15 de novembro de 2007

QUEM MORRE NÃO TEM FUTURO

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Quem morre não tem futuro
Quem nasce não tem passado
Pode ser um quarto escuro
Ou num quarto iluminado
Pra uns a vida é um enduro
Pra outros é um feriado
Quem morre não tem futuro
Quem nasce não tem passado

Quem só compra coisa a "juro"
Vive sempre endividado
Quem vive encima do muro
Um dia cai prum dos lado
Quem tem punho muito duro
Vai morrer apunhalado
Quem morre não tem futuro
Quem nasce não tem passado

Quem já caiu de maduro
Deve estar preocupado
Dar lugar pro nascituro
Todo ser foi condenado
Se o menino é prematuro
Passa um tempo incubado
Quem morre não tem futuro
Quem nasce não tem passado

Quem nasceu pra dedo-duro
Vai morrer um pau-mandado
Menino vai pro monturo
E volta todo breado
Nosso amor eu escojuro
Só porque não fui amado
Quem morre não tem futuro
Quem nasce não tem passado

Quem tem um coração puro
Não vai pro caminho errado
Quem vai pra Porto Seguro
pode voltar bronzeado
se não achar que procuro
volto muito chateado
Quem morre não tem futuro
Quem nasce não tem passado

Se você não cura, eu curo
se já usou, tá usado
se quer soltar, eu seguro
eu canto samba e tu, fado
Nem sei porque lhe aturo
se não estou apaixonado
Quem morre não tem futuro
Quem nasce não tem passado.

Cesar Miranda

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quarta-feira, 14 de novembro de 2007

DEMORA

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E os ponteiros que não se movem,
E os minutos que não avançam,
E o tempo que não passa...
Se o tempo sentisse esta angústia corria.
Se o tempo sentisse esta ânsia voava.
Se o tempo fosse o meu tempo
Há muito as horas tinham passado.
E os meus passos que são tão pequenos,
E o lugar que é tão distante,
E o caminho que não acaba
E os meus pés que não são asas
Para chegar num instante.
E o arrastar da demora,
E a hora que não chega,
E a distância que não acaba,
E eu voando sem asas
Até onde a minha alma me espera.
.
Encandescente

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terça-feira, 13 de novembro de 2007

AGORA

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há momentos na vida em que os sentimentos desaparecem
resta o vazio, o nada, a falta de vontade de me entregar
talvez saiba, apenas, que não vou conseguir o impossível
ou talvez tenha deixado de lutar por ti
pelo amor, pela paixão que existiu um dia
pelo corpo que nunca foi meu, mas que tanto desejei!
e agora, onde está esse desejo que me manteve viva?
a alegria de te sentir, misturada nas lágrimas de não te ter?
onde está essa força que me acordava com um sorriso
depois de uma noite de loucuras a dois?
e agora, que não te sinto em mim, encosto-me...
fico à espera, sem pressa de encontrar
essa paixão que nos alimenta, num abraço ou num beijo...
.
Corpos e Alma
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segunda-feira, 12 de novembro de 2007

CANÇÃO EM PAPEL DE SEDA

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de olhos fechados olho o que ainda não vi
com as minhas mãos de afago
desenho linhas paralelas a negro
que se tocarão quando o horizonte se tornar em fogo
e que se tornarão curvas como lábios num beijo único
faço do meu corpo a folha de papel em branco
e evoco os tons com que se pinta uma canção
usarás a tela branca da minha pele e murmurarás ao meu ouvido
faremos o quadro mais musical da galeria dos caminhos.
farei então dos dia quadros que não sei pintar
farei das noites poemas que nunca soube escrever
farei das tuas cores os meus riscos desenhados com o dedo no teu corpo.
farei dos silêncios gemidos sussurrados numa só melodia
e da minha pele farás as folhas do livro por escrever.
.
Lolita
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domingo, 11 de novembro de 2007

QUERIA

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Queria que visses com os meus olhos
E vendo pelos meus olhos
Visses os teus.
Queria que te visses como eu te vejo
Que os teus olhos se acendessem em desejo
Como o teu corpo acende os meus.
Queria que visses com os meus olhos
A cor que os teus olhos têm
Reflectidos nos meus.
.
Encandescente
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sábado, 10 de novembro de 2007

ESTA NOITE

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esta noite
passaste pela minha cama
com a leveza de um abraço
com a certeza de um beijo
com a calma de um sorriso

esta noite
dancei nos teus braços
brinquei na tua língua
arrepiei-me na tua pele

esta noite
foste amante e amigo
foste desejo e prazer
foste sexo e paixão

esta noite
fizeste da minha cama
um rodopio de emoções
fizeste do meu corpo
um turbilhão de sensações

esta noite
sonhei contigo...
.
Helena Fonseca
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