sexta-feira, 2 de julho de 2010

A QUEDA DA SELEÇÃO BRASILEIRA


O sonho do hexacampeonato mundial acabou. Para alguns, uma surpresa, para outros, a constatação do óbvio. O Brasil se dividiu em dois grandes grupos de torcedores nessa Copa do Mundo: uma maioria que acreditava no trabalho do técnico Dunga e de seus comandados e uma minoria que via na convocação feita pelo treinador e no futebol apresentado pela seleção problemas que poderiam comprometer a busca pelo título. Enquanto a maioria está em choque, a minoria já esperava por isso.
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A Copa começou a ser perdida quando saiu a lista final da convocação para a mesma. Com um trabalho com resultados incontestáveis até então, Dunga elegeu seus 23 guerreiros para a batalha da África do Sul. Uma lista contestada, mas que ganhou o apoio quase incondicional da torcida brasileira a cada resultado conquistado.

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O auge do apoio do torcedor foi quando da polêmica envolvendo o técnico Dunga e a mídia. Inúmeras pessoas saíram em defesa do técnico, por mais que fosse público seu péssimo comportamento, uma lamentável demonstração de como não se deve comportar diante da imprensa mundial. Até campanha na internet foi feita para a população mostrar que estava ao lado de Dunga e que confiava no seu trabalho.

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Essa população hoje chora uma precoce eliminação. Para qualquer seleção do mundo, chegar entre as oito melhores seleções do mundo é uma honra, mas para a seleção brasileira isso é pouco. O brasileiro que se orgulha de ter o melhor futebol do mundo não pode jamais aceitar ser eliminado como foi e com o futebol que apresentado.

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Sem ter alternativas ofensivas no banco de reservas, ficou evidente desde a convocação que o Brasil teria problemas se estivesse atrás no marcador. E, na primeira vez que isso aconteceu, a seleção saiu derrotada. Depois de um bom primeiro tempo, mas um segundo tempo irreconhecível, o time do técnico Dunga mostrou todas as suas limitações dentro e fora de campo. Inúmeros nomes deixados de fora da lista dos convocados passaram pela mente do torcedor que esperava uma luz vinda do banco de reservas, mas não via opções. Dunga abdicou de levar opções ofensivas para a Copa do Mundo e, exatamente por isso, não teve como fazer absolutamente nada para mudar os rumos da partida. A euforia pelos resultados foi se transformando em apreensão e, ao apito final, virou uma enorme decepção.

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Felipe Melo foi o personagem da partida. Uma assistência sensacional para o gol de Robinho, um gol contra e uma expulsão infantil demonstraram claramente o descontrole que havia dentro de campo. Júlio César, um dos melhores goleiros do mundo, falhou em um lance bobo e também será crucificado. Mas temos que ter ciência de que o Brasil não jogou como a melhor seleção do mundo nesta Copa, e o resultado alcançado é reflexo disso. A seleção brasileira quando entra em campo não tem apenas o compromisso com a vitória; ela tem a obrigação de mostrar ao mundo o futebol que só o brasileiro tem.

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Ganhamos mostrando pouco futebol contra a Coreia do Norte. Vencemos a Costa do Marfim com um futebol que só apareceu depois que abrimos o marcador, uma vez que até o gol brasileiro o jogo estava disputado. Fizemos um jogo de compadres contra Portugal e passamos pelo Chile sem maiores dificuldades. Caímos diante do primeiro adversário de qualidade que enfrentamos e agora iremos voltar para a casa de mãos vazias. Fica a lição de que uma má convocação pode tirar o melhor futebol do mundo das finais de uma Copa. Parabéns à Holanda, que jogou ofensivamente como é a característica natural do futebol de seu país. E para nós, brasileiros, fica a esperança de que os erros de 2010 não se repitam em 2014.

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José Roberto Medeiros
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