quinta-feira, 27 de março de 2008

MAS VENS

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como se todo o tempo já tivesse transcorrido
- porque tudo passa, se tocamos,
vens com o teu bafo, o te hálito, tua aura e teu roçar,
nessa tua onipresença, ora dentro, ora fora, tanto e todo em mim.
.
(a medida do tempo é bem mais clara na ausência.)
.
à margem de ti, de vejo rude, tosca, incompleta.
exulto de mim, naquilo que mais vejo.
e tão poucas são as coisas em que me percebo.
.
mas vens
como a dizer de um capricho urdido ardentemente,
um experimento, uma cilada,
aferindo-me com o teu esperômetro,
a medir o meu quâtum de permanência.
.
(tolo... como se coubesse a mim traçar novos rumos, trair-te, abandonar-te.)
.
adentrar no teus domínios - a mesma sensação, sempre renovada
é como se chegar em país estrangeiro e lá encontrar pedaço de seu.
tudo compreender, nas múltiplas linguagens que me trazes à mesa.
.
mágico momento, singular instante o desse encontro,
em ti eterno estrangeiro e eterno cúmplice, conheço-te cada rua.
cada rincão, qualquer espaço, à vista primeira
como se antigod fossem nossos abraços.
.
(e tão antigos são os nossos abraços.)
.
de verdade, não sei se eu que te esqueço, ou se és tu que me abandonas.
mas sei que todo o esquecimento e abandono são efêmeros.
sei também que deve ser assim
porque, às vezes me sufocas, não dás trégua, e eu, berm o sei,
por vezes faço igual.
.
( o que seria dos encontros sem a saudade?)
.
mas vens
e sabes como chegar.
em vão disfarças, porque é do teu querer que todo o disfarce seja em vão.
pões uma venda na face, à guisa de ocultar-se.
e ris
e ris porque sabes que a mesma venda te serve por bandana, inútilo cendal,
máscara fugaz em que estampas:
sou eu.
na linearidade em que te mostras, percebo-te em ondas.
nas ondulações, o teu linheiro percurso.
e caminho no teu segurop caminho.
.
e os antigos abraços se renovam.
.
e vens
.
e ficas.
.
Antoniel Campos
(com algumas adaptações para o feminino)
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Um comentário:

®efeneto disse...

Roubei do corvo a cor
esvoaço sem sentido na noite.
De norte a sul só a escuridão
e um pássaro de asas quebradas
perdido na imensidão.
Aliso as penas de novo
e sonho-me a levitar
por entre nuvens e mares
à procura da ilha prometida.
Enquanto a procuro venho aqui
Desejar um óptimo fim-de-semana
Na companhia de quem mais ama.

Bem adapatado...beijito