Derramo lânguidos e longos olhares,
De recatados e dissimulados piscares,
Em nosso primeiro contato,
Só pra te enrubescer.
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Derramo sorrisos brilhantes e precisos,
Com a boca pintada, delineada,
De vermelho, pelo canto do espelho,
Só pra te embaraçar.
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Derramo decotes, generosos, ousados,
Por entre drapeados ondulados,
De volumes descortinados ao simples debruçar,
Só pra te provocar.
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Derramo pernas morenas, cruzadas,
Untadas de óleo e suor,
Por entre fendas da saia justa,
Só pra te ver abaixar.
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Derramo os cabelos revoltos,
Soltos ao sol e ao vento,
Com cheiro de flor e pecado,
Só pra te inebriar.
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Derramo um balanço no andar,
Um gingado de requebrar,
Equilibrada em saltos de cabrocha,
Só pra te atiçar.
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Derramo enfim minhas lágrimas,
A rolar, salgadas, pela face,
Como quem sabe o quanto é bom viver,
Só pra te enlouquecer.
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Lilian Maial
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