Aquilo que é secreto
à tua beira
e longe de ti se torna
tão corrente
.
.
Aquilo que é vulgar
longe de ti
mas se estás perto
se torna tão diferente
.
.
Aquilo que é mistério
indecifrável
se te aproximas até à minha
se te aproximas até à minha
cama
.
.
E que se torna
raivosamente instável
se por acaso não dizes que me amas
.
.
Aquilo que é segredo
se o não escutase a tua beira fica
desvairado
.
Maria Tereza Horta
Um comentário:
Sento-me nesta cadeira
No meio da sala
No meio do nada
Penso nos passos que dou contra o tempo
Os olhos que baixo por causa do vento
Vento que me toma os sonhos cálidos e os pinta de vermelho
Sangram lágrimas sem choro
Sem voz
Murmuram segredos
Desenham-se-me no rosto esses esboços do silêncio
Esses que apago e esborrato
E de novo se pintam em telas contra a minha vontade
Rasgo as folhas de papel em branco
Queimo os lápis de madeira que insinuam escravinhices
Dos meus não ditos não há-de falar
Deixem-me sentir, aqui, a dor vermelha de não saber amar
Essa condição de ignorante eterno
Para sempre um boémio nos lençóis alheios...
Frios, gélidos...
Sem sabor nem cheiro...
Ausentes na minha vontade...
Amargos
Aquecem apenas esta minha pele que arrefece
Pensar que um dia me podia aquecer no leito dessas desconhecidas sem rosto...
Que distraído sou...
Pois estava-me a esquecer de desejar
Um fim-de-semana com muita amizade dentro
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