Penduro-me no extremo do teu sorriso
procuro cair do teu lábio inferior
rasgo-te o traço, vejo-o e não evito
mas o que sinto é pior
tocamo-nos palma com palma
as linhas das minhas mãos desembocam nas tuas
.
enterro-me em ti, escondo-me em ti
.
tenho a franca sensação de às vezes te deixar
como se por momentos me ausentasse de mim
deturpo-me em correr e tactear
como se pela ponta dos dedos apaziguasse
tudo o que em mim vai mal.
.
logo após caio e encaixo-me no corpo
descanso por me sentir em casa
e de novo os calores e o desconforto
.
habituo-me ao cheiro acre que havia deixado subpele
tacteio agora este fato
este vestido de pele que sou
a vida que me segue e persegue
para que desista, para que quede
e eu anseio despir-me, romper a pele
iludir o passado para que o presente sossegue.
.
Vasco Leão
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