Outona-se a minha vida.
A cada dia, novas velhas folhas
se esparramam na estrada percorrida,
feito as alegrias, as dores, as escolhas
(as boas e as mal escolhidas).
O outono desce seu pano castanho
aos poucos sobre o meu rosto.
Olho o espelho e ainda estranho:
Que cara é essa?
Alegria?
Desgosto?
Não importa.
Não sou deste tamanho.
Sigo a olhar-me dia após dia,
enquanto o outono segue lentamente
despejando suas folhas pela via
que se abre a minha frente.
Outona-se.
Outono-me.
Não penso em recolher as folhas caídas.
Basta-me olhá-las.
Observá-las assim caídas,
sem, no entanto, pensá-las.
Quando a gente está a outonar-se
não há muito tempo para o pensar:
Mas é imprescindível pensar-se.
O outono sobre mim segue sua lida.
Traz um vento que vai soprando
as folhas do chão da vida,
pra que lado não importa, vai levando
as folhas da nossa vida...
.
Débora Cristina Denadai
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