Sinto saudades do dia em que nunca
nos encontramos.
Sim, daquele em que não nos vimos
pela primeira vez.
Desse em que nunca te tive.
Daquele em que não falaste o que
eu quería ouvir.
De nossa primeira noite que jamais houve,
quando deixamos de conhecer-nos
biblicamente até o desmaio.
Tenho sede da noite em que nem
começamos a beber-nos.
Sinto fome dos momentos em que não
estavamos um no outro,
devorando-nos gota a gota
Poderia desenhar com os mínimos
detalhes tudo o que não aconteceu.
O amor que não explodiu,
o desejo que não cristalizou, todo esse
nada que não vivemos
tão intensamente separados
É uma saudade tão grande!...
Uma saudade como se nunca tivesse
acontecido.
Como este afago que não te mando,
e que ainda
assim nunca o receberás.
.
Bruno Kampel
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