segunda-feira, 13 de julho de 2009

ÀS VEZES TU ME HABITAS


Às vezes tu me habitas como ruídos a uma casa,
como marcas a um rosto que por elas se define
e te lembrar é voltar ao que há de mais meu em mim mesma,à parte de mim mesma
que me revela e me assombra.
.
Às vezes eu quase te esqueço,
quase te perco
e quase sou completamente triste
e quase sou completamente outra
sem a interrogação onipresente dos teus olhos,
sem a incompreensão cúmplice da tua voz.
.
Estás em mim e não há nada a fazer,
mesmo a meio da noite,
quando és um vazio cheio de pontas,
mesmo a meio da frase,
quando és um gole de ar no lugar do teu nome.
.
Tu és meu porque de ti sou feita
e negar-te a mim seria parir-me ao contrário.
.
Aceito assim meu ofício de habitar-me tu -
ainda que a mim nunca regresses,
mesmo que de mim jamais tenhas partido.
.
Ticcia

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Um comentário:

Sylvia disse...

Muito lindo, o seu Blog. Os poemas sao muito bem escolhidos, as imagens inspiradoras. Ha muitos que nao conheco e e bom saber o que se faz no Brasil em termos de nova literatura. Parabens.